DATA: 22 de agosto de 2011.
5ª AULA: O CUIDAR NA IDADE MÉDIA
Tem início à idade média com a queda do império romano, onde os camponeses passam a ser vinculados com os senhores feudais. Passando a ação do cuidar a sofrer influencia de fatores econômicos e políticos.
O cuidado era delegada as mulheres era cuidar dos afazeres domésticos, dos enfermos, das crianças e dos feridos. Os partos eram feitos por viúvas e por mulheres mais velhas com mais experiência, pois nessa época existia um alto índice de mortalidade, devido a infecções e falta de higiene. Porém o nascimento de crianças era uma forma de perpetuar o grupo, em especial de filhos homens.
Os escravos também ajudavam na tarefa do cuidar, com o cuidado dos enfermos das guerras e das epidemias.
As doenças mais comuns naquela época eram sífilis (quem mais sofriam eram os pobres), lepra, peste bubônica (peste negra), desastres ecológicos (várias mortes), e com o aparecimento delas, aumenta também as crendices, então o cristianismo ganha força através da retenção dos sofrimentos. A igreja então passa a ter o monopólio moral e intelectual e começa a difundir o dogma cristão, onde para ser perdoada por Deus a pessoa teria que ajudar o próximo.
O hospital tinha a função de confortar espiritualmente o paciente
Nessa época não havia ainda princípios de higiene e assepsia, e os doentes compartilhavam a mesma cama. Nas habitações não havia separação de lugar de comer e dormir.
Os recém-nascidos eram os que mais corriam risco, as mulheres na hora do parto tinham suas camas forradas com lençóis sujos e velhos.
O mal de 7 dias acometia uma grande maioria das crianças da época, que morriam antes de 1 ano e outras antes de 10 anos de vida.
Como com o cristianismo tudo passa a fazer parte da fé e da salvação das almas, então o questionamento do universo físico passa a não ter mais importância. A partir de então os religiosos passam a assumir também a cura através dos medicamentos.
AS CRUZADAS E SUA INFLUÊNCIA NA AÇÃO DE CUIDAR
As cruzadas é um movimento social, político, econômico, filosófico e principalmente religioso. Eram expedições militares organizadas pelos cristãos, que teve início no final do século XI em defesa da Igreja, para recuperar Jerusalém do poder dos muçulmanos e era dirigida pelo papa como chefe da cristandade.
Que participava das expedições usava uma cruz vermelha nos ombros, no peito, no estandarte ou na bandeira, o que deu o nome ao movimento “cruzada”, por conta da cruz, que era o símbolo de Cristo, o que continua sendo até os dias atuais.
Essa caminhada até a Terra Santa era longa e cheia de problemas, pois não havia alimentação, nem condições sanitárias adequadas, seja para os expedicionários, nem para os peregrinos.
Os monges se juntaram aos expedicionários, e deixaram os mosteiros para poder acompanhá-los.
A igreja passa então com a ajuda da população a construir hospitais, pois devido às condições precárias, muitas pessoas adoeciam, e quem se instalava nesses hospitais com o intuito de cuidar dos ferimentos e das doenças, eram os monges militares. As pessoas atendidas pelos hospitais eram os expedicionários e os peregrinos, devido à perseguição dos muçulmanos.
Foram fundados dois hospitais nessa época, o Hospital de São João de Jerusalém, que eram destinados para os homens e o Hospital de Santa Maria Madalena para as mulheres, pois eles estavam entre os peregrinos.
Muitas ordens militares de enfermagem foram formadas nessa época, como A Ordem dos Cavaleiros Hospitalares de São João de Jerusalém; a Ordem dos Cavaleiros de Lázaro, com monges enfermeiros que se destinavam aos cuidados dos leprosos; a Ordem dos Cavaleiros hospitalares Teutônicos, formada por monarcas alemãs e por monges enfermeiros.
Pela primeira vez na história da enfermagem os cuidadores eram homens, os monges militares (monges enfermeiros).
A Ordem de São João e a Ordem dos Cavaleiros de Malta começaram a separar as pessoas que tiveram contato com doenças epidêmicas, e ainda nos navios os avaliavam e os deixavam em quarentena. E os doentes tinham como tratamento para quase todas as doenças, sangrias.
A lepra era uma doença bastante temida nessa época e as pessoas acometidas dessa doença usavam roupas a modo de serem identificadas e tocavam sinos para que as pessoas sadias pudessem se afastar delas.
A enfermagem nas cruzadas era feita de forma bastante simples, sem profissionalização, onde era tão somente atender as necessidades fisiológicas dos doentes, ministrarem medicamentos, fazer curativos e cuidar da higiene.
As cruzadas deixaram o seu legado para enfermagem através de sua rígida hierarquia (fardamento, posto, pontualidade) e disciplina existente na vida militar e a abertura do campo da enfermagem para o sexo masculino.
REFORMAS CULTURAIS E RELIGIOSAS
Os papas estavam preocupados com a reconquista da Terra Santa e com as guerras, começaram a descuidar-se das missões espirituais.
Nessa época Martinho Lutero dá início a uma reforma espiritual, por ser contrario a excessiva feição comercial da igreja e por isso foi excomungado e expulso do império, então traduziu a Bíblia para o alemão colocando-as ao alcance dos fieis. Decorreram muitas reformas na Inglaterra o que levou a separação da Igreja Inglesa ou Anglicana e a Igreja Católica, fazendo com que os religiosos católicos fossem expulsos da Inglaterra. A expulsão desses religiosos católicos dos mosteiros e conventos da Inglaterra desencadeou uma grande e prolongada crise nos hospitais e abrigos de pobres, doentes e órfãos, que por eles eram cuidados. A solução encontrada foi o recrutamento de mulheres nas ruas e em prisões para cuidar de doentes, mulheres analfabetas e pouco escrupulosas. Essa crise ficou conhecida como período negro da enfermagem (OGUISSO, 2007).
O IMPACTO DAS REFORMAS NO CUIDAR
Historicamente a enfermagem está atrelada ao progresso da prática da medicina, a evolução dos hospitais e, indiretamente, a ocorrência da Revolução Industrial e da emancipação feminina (OGUISSO, 2007).
A enfermagem nos primórdios é entendida apenas no sentido de cuidar das pessoas, sem preparação adequada para isso, com a profissionalização da enfermagem, reflete uma preparação adequada para o exercício da enfermagem, com uma dedicação maior de tempo e esforços ao cuidado aos doentes, recebendo remuneração, como qualquer outra profissão.
A LEPRA NA IDADE MÉDIA
Os médicos medievais consideravam a lepra simultaneamente uma doença contagiosa e hereditária, ou oriunda de uma relação sexual consumada durante a menstruação, período em que a mulher era considerada impura na tradição judaico-cristã.
Em algumas regiões da Europa o suspeito de ter lepra passava um verdadeiro processo, afinal, se ele tinha sido condenado por Deus também deveria sê-lo condenado pelos homens, no qual um júri de leprosos, supostos conhecedores da doença, decidia se ele de fato tinha ou não a enfermidade. Somente no século XV, médicos, barbeiros ou cirurgiões passavam a ser ouvidos regularmente para afirmar ou não a doença. No entanto, apesar dos novos conhecimentos, o exame era muito superficial, limitando-se ao rosto e as mãos, que permitia a classificação equivocada, como leprosos, de portadores de diversas doenças e manifestações dermatológicas.
A sociedade medieval encarava os leprosos com medo e sem dúvida, ódio; o contato com eles era indesejado e a lepra era vista como a pior das desgraças possíveis. Além disso, tinham de usar luvas, grande chapéu pontudo e agitar uma matraca. Essas medidas tinham por objetivo fazer com que todos notassem a presença do doente e se afastassem dele (PINTO, 1995).
A PESTE BUBÔNICA NA IDADE MÉDIA
Meados do século XIV foi uma época marcada por muita dor, sofrimento e mortes na Europa. A Peste Bubônica, que foi apelidada pelo povo de Peste Negra, matou cerca de um terço da população européia.
Nos porões dos navios de comércio, que vinham do Oriente, chegavam milhares de ratos, contaminados com a bactéria Pasteurella Pestis e suas pulgas que transmitiam as bactérias aos homens através de sua picada. Estes roedores encontraram nas cidades européias um ambiente favorável, pois estas possuíam condições precárias de higiene. O esgoto corria a céu aberto e o lixo acumulava-se nas ruas. Rapidamente a população de ratos aumentou significativamente.
Após adquirir a doença, a pessoa começava a apresentar vários sintomas: primeiro apareciam nas axilas, virilhas e pescoço vários bubos (bolhas) de pus e sangue. Em seguida, vinham os vômitos e febre alta. Em dias os doentes morriam e com o pouco desenvolvimento da medicina pouco pôde se fazer.
Relatos da época mostram que a doença foi tão grave e fez tantas vítimas que faltavam caixões e espaços nos cemitérios para enterrar os mortos. Os mais pobres eram enterrados em valas comuns, apenas enrolados em panos.
O preconceito com a doença era tão grande que os doentes eram, muitas vezes, abandonados, pela própria família, nas florestas ou em locais afastados. A doença foi sendo controlada no final do século XIV, com a adoção de medidas higiênicas nas cidades medievais.
Fonte: https://www.suapesquisa. com/idademedia/peste_negra.htm
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
OGUISSO, T (org). Trajetória histórica e legal da enfermagem. 2a. ed. Barueri SP: Manole; 2007.
PINTO, P.G.H.R. O estigma do pecado: a lepra durante a idade média. PHYSIS – Revista de Saúde Pública. Vol. 5, Número 1, 1995.
________ Peste Negra. Sua pesquisa.com. Disponível em: . Acesso em: 26 de agosto de 2011.