DATA: 14 de setembro 2011

AULA: SAÚDE PÚBLICA DURANTE O PERÍODO COLONIAL

A aula foi ministrada pela professora Andresa Tabosa, objetivando entender a história saúde e da assistência em saúde na época do Brasil colônia.

A professora perguntou inicialmente qual o objetivo da história e respondemos que o objetivo é para entender o presente, pois o que vivemos hoje, principalmente na enfermagem, é resultado de um processo histórico. Então entendendo a história da saúde no Brasil, podemos compreender o sistema de saúde atual do Brasil, o SUS (Sistema Único de Saúde).

HISTÓRIA DA SAÚDE NO BRASIL NO PERÍODO COLONIAL

O que entendemos por período colonial?

Colonização, exploração dos recursos naturais e das pessoas que aqui viviam. E a postura dos brasileiros por muito tempo foi de passividade devido à colonização.

Nesse período, o Brasil se encontrava à margem do capitalismo mundial, submetendo -se econômica e politicamente à  metrópole  Portugal, sendo que a exploração econômica se dava através de ciclos - do pau-brasil, da cana de açúcar, da mineração, do café. O ciclo do pau-brasil não chegou a determinar uma estruturação de classes na sociedade brasileira, pois se caracterizou basicamente pela extração vegetal. Já o ciclo da cana de açúcar, se distinguiu pela presença de grandes propriedades escravistas, que exigiam grandes aplicações iniciais de capital, com enorme concentração de renda nas mãos dos senhores, donos das propriedades, ao lado da exploração da mão de obra de trabalhadores trazidos da África (BERTOLOZZI; GRECO, 1996)

A imagem do Brasil quando os colonizadores eram de um país rico de fauna e de flora, com pessoas saudáveis (índios), ou seja, tinham a imagem de paraíso.

Só que as pessoas que aqui moravam tinham um perfil diferente de doença e os colonizadores trouxeram outras doenças, começando a ocorrer uma mistura de doenças.

O dilema sanitário no período colonial

Século XVII – 1º paradigma da saúde – se o Brasil era o céu ou o inferno.

Pois a primeira impressão foi que o Brasil era um paraíso, mas com o passar dos anos e com o aumento das epidemias o Brasil passou a ter imagem do inferno na Terra.

A partir do aparecimento das doenças, sendo criado vários conselhos ultramarinos, o cargo de bispo mor e cirurgião mor, pessoas que eram responsáveis por cuidar da saúde pública dos colonizados, fazendo controle das doenças que estavam aflorando no Brasil. Sendo criado com intuito de cuidar da mão de obra (índios e negros), objetivando o aumento das riquezas do colonizadores. Porém os médicos europeus não queriam vir para o Brasil, pois não tinham expectativas de altos salários e ainda corria o risco de adoecer e morrer. Só existiam seis médicos em todo Brasil.

O tratamento era feito a base de sangrias, quando doente era preciso fazer aquela pessoa sangrar para tirar o mal de dentro dele, para ele ficar bom, mas na maioria das vezes levava o doente à morte, tinha também o tratamento com purgantes, com ervas (eram as mais aceitas, pois já era uma prática empregada pela população indígena). Algumas doenças, como o caso da varíola, as pessoas eram levadas para isolamento e lá morriam sozinhas.

Uma prática bem interessante era colocar pus de feridas de doentes em convalescência, em um paciente em início da doença, por mais mirabolante que seja foi daí que surgiu as vacinas, só que a população fugia com medo dessa prática.

Varíola

A varíola foi classificada como uma das enfermidades mais devastadoras da história da humanidade. Considerada erradicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1980, a varíola surgiu provavelmente na Índia ou no Egito há mais de três mil anos. Esta doença se espalhou pelo mundo, causou diversas epidemias, aniquilou populações inteiras, inclusive diversas tribos de índios brasileiros. Introduzidos pelos colonizadores portugueses, os surtos de varíola entraram no Império português, na América do Sul, pelas embarcações vindas do outro lado do Atlântico, principalmente da Europa e da África (SILVA, 2009).

A varíola foi à primeira doença a se disseminar no Brasil, proveniente dos colonizadores e dos escravos. Era uma doença conhecida como o mal das bexigas. Um doença transmissível, extremamente contagiosa por via respiratória, com período de incubação pequeno, em média 17 dias. Acometendo inicialmente garganta, cavidade oral e nasal e evolui para a pela, formando bolha e fazendo com que a pele se desprenda do corpo, quando não levava a morte deixava a pessoa com cicatrizes pro resto da vida.

⃰ Hoje em dia a varíola foi erradicada.

Como ainda não se conhecia os microorganismos, ainda acreditava-se que o contágio era pelos ares vindo do continente (teoria do miasma).

A corte portuguesa no Brasil

1808 foi um ano marcado pela vinda da corte portuguesa para o Brasil e a imagem que aqui encontraram foi a de caos e queriam muda essa imagem, para isso implantaram as primeiras escolas de medicina no Brasil.

Escolas de medicina

Em 1813 foi implementada a academia de medicina no Rio de Janeiro, em 1815 na Bahia, e em 1829 foi implantada a Imperial academia de medicina, onde esses médicos eram os consultores da corte, ou seja, esses últimos eram exclusivos para a corte.

→ Por que o Rio de Janeiro e a Bahia foram privilegiadas com uma academia de medicina?

Por conta dos portos, para beneficiar os colonizadores. Já que as doenças por muitas vezes vinham dos imigrantes, vindos nos navios, como controle os inspetores de saúde controlavam os portos e deixavam em quarentena todo navio que tivesse alguma pessoa doente.

Vacinação contra varíola

A população e os portugueses estavam morrendo de varíola e para proteger a corte a junta de higiene pública exigiu que todos da corte fossem vacinados, com a vacina criada pelo inglês Edward Jenner em 1796. E quando percebiam que tinha uma epidemia, mandavam a corte para locais altos e montanhas, para não pegar varíola, se afastarem dos portos.

Uma forma de prevenção da época, devido à teoria do miasma era tiros de cachão em direção ao continente, com intuito de despeçar o ar.

Para os ricos a ida para Europa em busca de tratamento era comum, mas para os pobres a única saída eram os poucos hospitais públicos e as Casas de Misericórdia (criadas em 1543 – no Espirito Santo, na Bahia, no Rio de Janeiro e em São Paulo).

OBS: Como a ida para o hospital era considerado uma sentença de morte, eles preferiam outras alternativas, como benzedeiras e curandeiros.

 

Na transição da colônia para a república o país continua em condições precárias e era um dos países mais insalubres do mundo.

 

No final da aula lemos um artigo da revista RADIS - saúde (fevereiro de 2011) e debatemos de acordo com perguntas da professora.

Reportagem de Kátia Machado, com o tema: LIXO – “O primo pobre do saneamento básico”.

Grupo 1

Qual a relação da reportagem com a temática da aula?

A relação do Brasil colônia com os tempos atuais houveram melhorias, porém em muitos lugares do Brasil ainda vemos realidade parecida com a da época do Brasil colônia, temos lugares sem saneamento básico, sem coleta de lixo adequada, e com armazenamento inadequado do lixo e muitas doenças que afetavam a população na época nos dias de hoje ainda afetam a população de baixo poder aquisitivo.

Mas também fica explicito o comodismo das pessoas, pois mesmo com a consciência do que é errado, por questões culturais, as pessoas ainda jogam lixo nas ruas. Sabemos que a iniciativa individual não é uma atitude que vai gerar uma solução, pois precisamos de uma conscientização conjunta, partindo ela dos poderes públicos.

Grupo 2

Qual a influencia do meio ambiente na saúde?

Tem a influencia boa e a ruim. A influencia boa está relacionada com o lado ecológico, estando ligada a uma alimentação saudável, um ambiente saudável, visando à saúde da população. Já a influencia ruim está relacionada ao lixo, ao descaso, a contaminação. Como exemplo, o saneamento básico, que influencia toda uma população.

Um fator que não deveria ser mais discutido nos dias atuais, porém ainda está em foco, é o caso dos lixões, onde adultos e até crianças estão expostos a grande contaminação, porém em muitos casos esse é seu único meio de sustento.

Grupo 3

Você acha que o Brasil vem apresentando esforço a favor do controle das doenças preveníveis e com as doenças que a gente abordou em sala e de que maneira?

As coisas estão melhorando de forma gradativa, porém a população brasileira tem aumentado e a quantidade de lixo tem aumentado também.

Hoje nos deparamos com campanhas de conscientização pública e informações através da mídia a cerca da necessidade de evitar os problemas de saúde. Porém precisa ser feito algo mais abrangente, pois os que tem acesso à boa condição de vida não se preocupa com a vida de quem mais precisa, ou seja, dos mais pobres.

 

REFERÊNCIAS

BERTOLOZZI, Maria Rita; GRECO, R. M. As políticas de saúde no Brasil: reconstrução histórica e perspectivas atuais. Rev.Esc.Enf.USP, v.30, n.3, p.380-98, dez. 1996 Disponível em: < https://www.ee.usp.br/reeusp/upload/pdf/356.pdf>. Acesso em: 18 de set de 2011.

SILVA, Jairo de Jesus Nascimento da. Da Mereba-ayba à Varíola: isolamento, vacina e intolerância popular em Belém do Pará, 1884-1904 / Jairo de Jesus Nascimento da Silva; orientadora, Maria de Nazaré dos Santos Sarges. – 2009. Disponível em: . Acesso em: 18 de set de 2011.