DATA: 12 de setembro de 2011.

8ªAULA : REFLEXÕES INTRODUTÓRIAS SOBRE O PROCESSO DE TRABALHO

A aula foi ministrada pela professora Iracema Frazão. O primeiro momento foi marcado pela explicação sobre as aulas, onde serão abordados:

  • 1º Profissional (introdução do que é trabalho)
  • 2º Deontologia (ética do trabalho de enfermagem)
  • 3º Saúde mental do trabalhador

Fomos questionados sobre o que é trabalho. O conceito construído pela turma foi:

  • Prestação de serviço;
  • Recursos para obter subsistência (suficiente para viver);
  • Realização
  • Meio de vida;
  • Relacionamento;
  • Viver;
  • Acumulação.

Ainda fomos perguntados se só o ser humano trabalha e respondemos que não, todos os animais também trabalham, porém por instinto.

REFLEXÕES INTRODUTÓRIAS SOBRE O PROCESSO DE TRABALHO

O que significa trabalhar?

  • Os primeiros trabalhadores eram basicamente manuais (agricultura, cerâmica)
  • Desde os primórdios o homem sempre trabalhou
  • Perspectivas evolutivas: homem das cavernas (caça, fogo, atividade para subsistência, para sobreviver).
  • Perspectiva criacionista: antes mesmo do pecado (cuidando do jardim – Adão e Eva).

 

Tripalium (vem do latim – instrumento de tortura) daí a idéia do trabalho como sofrimento, devido ao trabalho ser feito pelos escravos.

Planejamento e resultado – proporcionando felicidade.

* A professora nos questiona se o trabalho de enfermagem é um prazer ou um sofrimento.

A turma responde que para nós é um prazer.

* Sabemos que todo trabalho tem seus problemas, mas que sempre precisa ser feito com PRAZER.

Para Max (DÓCLUS, 2008):

É uma atividade coordenada, de caráter físico e/ou intelectual necessária para a realização de qualquer tarefa, serviço ou empreendimento, maneira de trabalhar a matéria, com manejo ou a utilidade de instrumentos de trabalho – o trabalho humano envolve raciocínio, planejamento, nos animais irracionais é por instinto.

 

PROCESSO DE TRABALHO

Modo como se organiza o trabalho para uma atividade produtiva.

Elementos do processo de trabalho:

  • Objeto de trabalho (elementos sobre os quais ele ocorre: recursos de ambiente e matéria prima). Na enfermagem, o seu objetivo é o SER HUMANO.
  • Instrumento (ferramenta): infra-estrutura e ingredientes/componentes.
  • O trabalho em si (ação executada)

 

O TRABALHO NA HISTÓRIA

O trabalho é tão antigo quanto o homem. Em todo o período da pré-história, o homem é conduzido, direta e amargamente, pela necessidade de satisfazer a fome e assegurar sua defesa pessoal. Ele caça, pesca e luta contra o meio físico, contra os animais e contra os seus semelhantes, tendo como instrumento as suas próprias mãos (REIS).

Para Santo Agostinho: o trabalho era considerado prevenção do ócio (afastando maus pensamentos e a mente vazia).

Esse pensamento até hoje é citado pelos mais velhos.

Período escravagista: os escravos eram considerados seres de “segunda categoria”, sendo um período marcado pelo trabalho braçal, então, nessa época o trabalho passa a ser associado a coisa ruim.

Sociedade pré-industrial (MAX): época da atividade de transformação da natureza, onde o homem domina todo processo, desde o planejamento até a execução (onde o homem fazia parte de todo processo).

Período industrial: é um período marcado pela padronização do processo, onde cada indivíduo passa a ser responsável por uma determinada etapa deste processo.

* Na enfermagem: o enfermeiro da equipe (trabalho intelectual) não deve delegar trabalho partido, pois o paciente deve ser acompanhado de forma integral. Exemplo: não deve se delegar a um técnico de enfermagem que ele afira apenas os sinais vitais de todos os pacientes e sim avaliar e acompanhar um paciente, e nele efetuar todos os procedimentos.

Com o advento da burguesia e das indústrias a força de trabalho não controla mais as etapas do processo de trabalho.

O processo de trabalho é fragmentado com a separação entre atividade intelectual e atividade manual (se especializando).

A atividade manual é desprestigiada em relação à atividade intelectual.

 

O TRABALHO E O CAPITALISMO

Com o capitalismo, o produto do trabalho do homem não lhe pertence. Onde o padrão paga pela força de trabalho um valor determinado pela economia de mercado, a despeito do seu valor. Vale a lei da oferta e da procura.

 

O PROCESSO DE TRABALHO NOS MODELOS:

TAYLORISTA

O Modelo de organização  do trabalho mais difundido no mundo está ligado à obra de Frederick W. Taylor, engenheiro mecânico de origem norte-americano, e consolidado num livro intitulado  Princípios de Administração Científica  de 1911. Taylor iniciou sua vida profissional como aprendiz de torneiro e subiu rapidamente para os postos de gerência, à medida que publicava sua obra, por intermédio da  ASME – American Society of. Mechanical Engineers, foi-se transformando num verdadeiro guru. Taylor adquiriu grande parte dos seus conhecimentos e idéias na observação do cotidiano. Para Taylor, a ineficiência está, relacionada, ao mau uso dos recursos humanos, teria um custo ainda mais significativo do que os custos decorrentes do uso ineficientes dos recursos materiais. A proposta que ele desenvolveu buscava resolver cientificamente o uso eficiente dos recursos humanos. O cronômetro foi o instrumento básico da metodologia proposta por Taylor, que se consolidou no chamado Estudo de Tempo e Movimentos. A proposta era a de medir o tempo de cada um dos movimentos de uma atividade produtiva e então, a partir de uma análise crítica dos movimentos necessários (separando movimentos dos operários e movimentos de máquinas) reorganizá-los para com isto minimizar o tempo total da atividade.

A abordagem taylorista – era  centrada sobre o posto de trabalho e partia da premissa de que se cada trabalhador isoladamente estivesse operando com o máximo de eficiência, a produtividade da empresa seria também maximizada (TRIPOD). 

  • Um grupo pequeno com um chefe;
  • Fragmentação do trabalho em tarefas;
  • Um alto grau de centralização das decisões;
  • Controle cerrado e complexo;
  • O objetivo da ação de organizar tem como foco para o lucro das atividades rápidas e não para o trabalhador. Não tendo, ao organizar o trabalho, uma preocupação com os problemas de ordem pessoal daqueles que vão ocupar a função.

Exemplo prático: trabalho de grupo feito na sala – onde há divisão de assuntos para pesquisa e para as apresentações, onde um não sabe dos assuntos dos outros, mostrando que nossas ações têm origem do TAYLORISMO.

 

Características:

  • Tarefas organizadas;
  • Seguindo sequência obrigatória;
  • Atividades repetitivas;
  • Estudo dos tempos e movimentos;
  • Elaboração de padrões de ritmos intensos;
  • Ampliou o abismo em relação à elite administrativa, era o pensante e o proletariado ignorante.

 

HENRY FORD

Chegou com intuito de aperfeiçoar o Taylorismo.

Com o trabalho rápido, o empresário ganhava mais dinheiro e pagava mais aos trabalhadores, com intuito de compensar o aumento da jornada de trabalho, criou também uma vila para esses trabalhadores, visando a disponibilidade para o trabalho.

Nos dias de hoje percebemos que a contribuição de Ford ainda perdura. Como exemplo os manuais técnicos, a divisão das funções, criação de estratégia comercial. E até mesmo a produção em série de determinados produtos, apesar de algumas empresas não trabalharem mais com essa última, para poderem conquistar o público com produtos personalizados (flexibilização da produção) com sua adequação à demanda.


O modelo adotado por Ford passou por evoluções, resultantes do desenvolvimento tecnológico e das transformações nas relações econômicas e sociais, contribuiu de forma significativa para transformação do sistema de produção, mudando assim definitivamente a concepção de industrialização (GUIMARÃES JUNIOR, 2005).

  • Filme: A história da indústria

Assistimos um trecho do filme de Charlie Chaplin – A história da indústria, onde ele trabalhava apertando parafuso, cumprindo ordem de um chefe que é a base intelectual, onde o trabalhador como “Ser humano” não é valorizado, visando apenas à produtividade e o capital oferecido por ele.

 

CARACTERÍSTICA DO TRABALHO

O ideal para a saúde do trabalhador é um trabalho justo (salário justo, carga horária justa). Com um salário de forma a permitir uma vida digna, para o trabalhador e para sua família.

  • Então o que seria um trabalhador digno?

É um trabalho com condições adequadas, sem constrangimento, ambiente adequado, estabilidade no emprego, com reconhecimento, valorização e boa remuneração.

  • Trabalho que não são ainda remunerados?

Tarefas domésticas, atendimento a situação de dependência.

Refletimos sobre a questão cultural, pois ainda nos dias atuais, o sexo feminino ainda é desvalorizado e mal remunerado.

 

MODALIDADES DE TRABALHO

  1. Vinculo
    1. Formal

Há um compromisso mútuo entre empregado e empregador, através de leis que regulamentam todo processo.

Garantia de direitos e benefícios sociais da CLT (Consolidação a Lei do Trabalho) ou do Estatuto (piso salarial, férias, licença remunerada, aposentadoria).

  1. Autônomo

Que exerce por conta própria atividades econômicas com fins de acordo com o que trabalhar. Tem direito a aposentadoria ou licença, pois contribui para o INSS, porém não tem férias remunerada.

  1. Informal

Trabalho sem vínculo ou benefícios. Não tem carteira assinada, “faz um bico.”

  1. Novas modalidades
    1. Terceirização

Transferência de uma determinada atividade para ser realizada, como um prestador de serviço. Não presta conta ao estabelecimento que faz o trabalho tem carteira assinada.

  1. Cooperativas

Associação autônoma de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais comuns, por meio de uma empresa de propriedade coletiva. Cada cooperado é autônomo, não tendo direito a aposentadoria, férias e licença remunerada, a não ser que contribua para a previdência.

  1. Escravidão

Trabalho forçado;

Jornada exaustiva;

Condições degradantes;

De acordo com a OIT (Organização Internacional do Trabalho), a escravidão é “todo trabalho ou serviço exigido de um indivíduo sob ameaça de uma pena qualquer para o qual não se apresenta voluntariamente.”

Ainda existe escravidão no Brasil, mesmo sendo passado o período abolicionista. Para o artigo 149 do Código Penal Brasileiro a escravidão é “crime”.

 

  • Filme: A liga (trabalho escravo): no filme mostra que a escravidão no Brasil ainda é grande, e 80 % dessas pessoas são trabalhadores rurais. Onde essas pessoas são usadas como objeto de trabalho.

 

MODALIDADE DE TRABALHO

Grandes grupos ocupacionais:

  • Segundo Classificação Brasileira de Ocupações (CBO)

 

* Adaptação da CBO:

  1. Forças armadas, policiais e bombeiros militares;
  2. Membros superiores do poder público, dirigentes de organizações;
  3. Profissionais das ciências e das artes;
  4. Técnico de nível médio;
  5. Trabalhadores de serviços administrativos;
  6. Trabalhadores dos serviços, vendedores do comercio em lojas e mercado;
  7. Trabalhadores agropecuários, florestais, da caça e pesca;
  8. Trabalhadores da produção de bens e serviços industriais;
  9. Trabalhadores da enfermagem;
  10. Trabalhadores da manutenção e reparação em geral.

 

Segundo grau de capacitação exigido:

  1. Qualificado – grau de aprendizagem e conhecimento;
  2. Não-qualificado.

Vimos algumas fotos comparativas, de acordo com sua valorização. Como exemplo:

  • Fisioterapêuta x cortador de grama;
  • Pedreiro x engenheiro;
  • Cozinheiro x chefe de cozinha

O que difere entre esses trabalhadores é a qualificação, o local de trabalho, o ser de estudo e a diferença entre trabalho braçal e intelectual.

Concluindo que o que torna uma profissão mais ou menos valorizada é a sua qualificação, o ser de estudo e o uso intelectual.

*Para o enfermeiro é importante o uso do raciocínio para ser valorizado, colocando em prática a capacidade de pensar.

-> A aula de hoje teve como objetivo observar o ser humano como um todo e a importância de estudar e se qualificar em busca de um reconhecimento como profissional.

 

PROPOSTAS DE TRABALHO

De acordo com as modalidades:

1ª etapa – entrega dia: 26 de setembro de 2011.

Escolher 10 profissões – CBO.

Profissões

Classificação das ocupações

Forma de vínculo

Tipo de vínculo

Qualificação

Tipo de atividade

Direitos

Coordenador de TI

Grupo 5

Formal

Empregado

Qualificado

Atividade predominantemente intelectual

Todos os direitos

Gari

Grupo 10

Formal

Empregado

Não qualificado

Atividade predominantemente manual

Todos os direitos

 

Pedreiro

Grupo 10

Informal

Avulso

Não qualificado

Atividade predominantemente manual

Não tem direitos

Professor de curso técnico

Grupo 3

Informal

Temporário

Qualificado

Atividade predominantemente intelectual

Não tem direitos

Vendedor ambulante

Grupo 6

Informal

Avulso

Não qualificado

Atividade predominantemente manual

Não tem direitos

Servente

Grupo 6

Formal

Empregado/Terceirizado

Não qualificado

Atividade predominantemente manual

Todos os direitos

Vigilante

Grupo 6

Informal

Avulso

Não qualificado

Atividade predominantemente manual

Não tem direitos

Médico

Grupo 3

Informal

Cooperativado/ Autônomo

Qualificado

Atividade predominantemente intelectual

INSS

Empregada doméstica

Grupo 10

Informal

Doméstico

Não qualificado

Atividade predominantemente manual

Não tem direitos

Enfermeira

Grupo 9

Formal

Empregado

Qualificado

Atividade predominantemente intelectual

Todos os direitos

 

REFERÊNCIAS

DUCLÓS, Miguel. A Maturação do pensamento de Marx. Trabalho originalmente apresentado para a cadeira de Filosofia Geral – FFLCH-USP, 2008. Disponível em: < https://www.consciencia.org/marx.shtml?cp=2>. Acesso em: 25 de set de 2011.

GUIMARÃES JÚNIOR, José Carlos. Henry Ford. Administradores: o portal da administração. 2005. Disponível em: < https://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/henry-ford/10906/>. Acesso em: 25 de set de 2011.

REIS, Jair Texeira. História do Trabalho e seu conceito. Disponível em: . Acesso em: 25 de set de 2011.

TRIPOD. O modelo Tayorista – Fodista. Disponível em: . Acesso em: 25 de set de 2011.