DATA: 19 de setembro de 2011.
10ª AULA: HISTÓRIA DA SAÚDE NO BRASIL: PERÍODO REPUBLICANO (1889 – 1930)
Aula ministrada pela professora Andreza Tabosa, teve início com o questionamento sobre o que marcou o período no Brasil república, dentre as respostas, o que mais me remete a esse período é o espírito nacionalista.
A IDÉIA DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLÍCA (1889)
A proclamação da república teve com intuito a modernização do Brasil a todo custo. Iniciando uma luta contra a barbárie.
Daí o lema: Ordem e Progresso.
Nessa época o capital humano tem uma função produtiva forte, pois são geradoras de riqueza.
- Bárbaros e o espírito nacionalista – com a busca da boa imagem do Brasil a civilização passa a lutar contra os bárbaros.
PRÁTICA DA CAFEICULTURA – OLIGARQUIA
Esse período favoreceu a industrialização, marcado pela expansão das atividades comerciais. Ocorreu um aumento acelerado da população urbana com a chegada dos imigrantes.
Houve reforma nas principais cidades e nos principais portos (São Paulo e Rio de Janeiro). Facilitando o fluxo de homens e mercadorias.
Medicina em choque:
REORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS SANITÁRIOS
No Brasil república havia um alto índice de febre amarela (FA), varíola e cólera.
Os estudos eram voltados para a presença dos surtos epidêmicos, porém sem muito fundamento.
Desde essa época que se chamava de Saúde Pública, onde voltava os cuidados para a higiene das pessoas.
-> Controle das doenças
O controle das doenças estavam baseados em regras básicas de higiene, isolamento, hospitalização compulsória (as pessoas era obrigadas a se internarem quando doente).
*FOTOS: algumas fotos de pessoas com moradia em locais impróprios, ambientes insalubres, que é prejudicial à saúde (cortiços, favelas) foram mostradas pela professora.
Houve expansão e continuidade de ações em saúde – com intervenções contínuas, não se limitando a surtos epidêmicos – até hoje essa intervenção é empregada pelo SUS.
-> Políticas de saúde – medicamento, exames, tratamento.
-> Política social – direcionada a dar condições para mudar o social.
Com a prática da cafeicultura e o regime oligárquico, as pessoas que moravam na área rural sofreram com o descaso, pois a mão de obra era a única beneficiada.
1913 – A Amazônia, devido a produção do látex, passa a ser beneficiada com a medicina devido a o lucro que a mão de obra da localidade gerava.
1892 – Serviço sanitário paulista começa a superar a barbárie: para o Brasil ser visto de outra forma e poder ser beneficiado por outros países (BERTOLLI FILHO, 2008).
O poder político passa a estar presente também na saúde, usando sua força para tirar os doentes de casa e obrigando eles a hospitalização compulsória.
É marca dessa época a inauguração do Instituto Butantã (existente até os dias atuais), o surgimento das teorias de Pasteur, Adolfo Lutz, Soroterápicos de Manguinhos (Oswaldo Cruz).
* Adolfo Lutz, Além de trabalhos pioneiros sobre doenças epidêmicas e endêmicas que assolavam o Brasil, como a cólera, febre amarela, febre tifóide e malária, o médico e sanitarista Adolfo Lutz destacou-se em pesquisas sobre a lepra e a ancilostomíase e consegue mostrar que as doenças também eram transmitidas por microorganismos, sendo ele mesmo cobaia (IAL, 2011).
1902 – Marcado pelas taxas alarmantes de FA
Não tinham recursos para tratar as pessoas, pois o foco político estava concentrado na população urbana.
O médico Otávio de Freitas tratava pacientes tuberculosos, porém para fins políticos foi restrito, porque essas pessoas não eram consideradas mão de obra, mas mesmo assim ele continuou seu tratamento.
São Paulo e Rio de Janeiro consegue diminuir ou estabilizar algumas doenças contagiosas e parasitarias. Porém a população da zona rural tem um agravo da saúde.
No Brasil República tinha em média 20 milhões de pessoas doentes.
Zeca Tatuzinho: personagem de Monteiro Lobato, mostra o retrato de um caboclo brasileiro, sem assistência a saúde, sem vida social adequada, morava numa casinha de sapê, indisposto, sendo produto do meio social, porém achavam que ele era vadio.
Ciclo da Pobreza
TEORIA DA EUGÊNIA
A partir de um ponto de vista considerado “intelectual”, se esperava que todos os brasileiros morressem para nascer uma nova raça. O Brasil foi o primeiro país da América do sul a ter um movimento eugênico organizado. A sociedade eugênica de São Paulo foi criada em 1918. Nas cidades a higiene passou a ser o assunto mais divulgado pelos eugenistas, a formação de uma população sadia e sem conflitos: saúde mental e moral eram exemplos de uma raça desenvolvida, fatores externos como doenças e alcoolismo eram fatores que contribuíram para a degeneração da raça. Foi nessa época que o famoso sanatório Pinel de Pirituba foi fundado, um local usado como depósito de pessoas que não eram aceitas pelos padrões eugenistas. Um dos argumentos para a pessoa ser mandada para o Pinel era que muitas vezes as pessoas eram inaptas a se adaptar ao meio urbano, e por isso desenvolviam estados psicóticos juntamente com complexos de perseguição. Porém, para ser mandado para uma instituição menta, bastava fazer parte do que qualquer movimento de oposição. Ativistas políticos, feministas que poderiam ser uma ameaça à família, e muitos outros que apenas reivindicavam alguns direito básicos eram considerados fora do padrão de conduta, e por isso seriam separados da sociedade (ZIMBARG, 2007).
PROCESSO URBANÍSTICO SANITÁRIO – RJ
Uma imagem de Oswaldo Cruz nos foi mostrada e fomos estimulados a refletir sobre ela – ação contra epidemias, vetores, efeitos da urbanização, com ambiente insalubre, lugar de doenças.
O processo urbanístico é marcado por:
- Inspetorias nas casas das pessoas;
- Destruição das favelas;
- Terraplenagem;
- Como saldo tem uma diminuição de óbitos por doenças epidêmicas.
1918 – Gripe espanhola
Conselhos ao povo na época da gripe:
- EVITAR aglomerados;
- NÃO fazer visita;
- TOMAR CUIDADOS de higiene;
- EVITAR excesso físico;
- Ficar de REPOUSO na cama para se recuperar;
- NÃO receber visita.
GRANDE DESCOBERTA NA ÉPOCA
* Doença de Chagas: na Campanha em MG de Lassance (hoje Carlos Chagas).
Chamou o parasita de Tripanossoma Cruzi (em homenagem a Oswaldo Cruz). A doença ele deu o nome de Chagas. Uma doença que provoca hepatoesplenomegalia, e as pessoas morrem de cardiopatia.
1904 – A revolta da vacina
A vacina teve intuito de combater a varíola – criada por Oswaldo Cruz.
As pessoas tinham medo de tomar a vacina, pois achavam que a vacina tinha sido criada para matar a população, ou tinha vergonha, em especial as mulheres, de mostrar os braços.
Essa vacina era obrigatória, o que causou uma revolta na população e virou um verdadeiro caos. Em 31/10/1904 a obrigatoriedade da vacinação foi revogada, tornando a vacinação opcional.
No final da aula lemos um artigo da revista RADIS-Comunicação em saúde (abril de 2011) e debatemos de acordo com perguntas da professora.
Entrevista com Tânia Araújo – Jorge, com o tema: “O passivo da saúde pública do passado tem de ser enfrentado”.
GRUPO 1
Como você acha que o estado vem tratando a pobreza e/ou a doença durante a história?
O estado por mais que demore a tomar decisões e medidas, tem evoluído com o surgimento do SUS. Passando de ser favor e passando a ser visto como “Dever do Estado”. Ond e o SUS vem para integrar a sociedade e colocá-la dentro da assistência da saúde, faltando apenas informação a população.
GRUPO 2
As doenças tidas como negligenciadas são causas e/ou consequências da pobreza?
A pobreza é um determinante para o processo do adoecimento, onde desde o período republicano, com o surgimento das favelas (devido a expulsão dos cortiços) e a falta de higiene e saneamento, realimentando a pobreza e consequentemente a doença.
Como causa da pobreza está a incapacidade de trabalho gerada pela doença, pois ate hoje o homem é um capital humano, precisando do dinheiro para ter condições dignas. Em suma, é uma integração entre causa e consequência.
GRUPO 3
Qual a relação da política com a doença e a pobreza?
A política não hoje na base, na educação, no saneamento básico, na moradia. Deveria agir de forma a melhorar a qualidade de vida da população.
O maior problema está na falta de instrução das pessoas, se tornando manipuláveis pelos políticos.
A pobreza sempre vai existir, pois advém de um ciclo vicioso.
REFERÊNCIAS
BERTOLLI FILHO, Claudio. História da saúde pública no Brasil. 4ª ed. São Paulo: Editora Ática. 2008.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Laboratório de Saúde Pública. Governo do Estado de São Paulo, 2011. Disponível em: < https://www.ial.sp.gov.br/>. Acesso em: 22 de set de 2011.
ZIMBARG, Adriana. Você Sabe O Que é Eugenia? Web artigos. 2007. Disponível em: . Acesso em: 22 de set de 2011.