DATA: 26 de setembro de 2011

12ª AULA: FORMAÇÃO DO ENFERMEIRO E SUA GRADE CURRICULAR

Iniciamos a aula com a introdução de um trabalho, com o tema: Formação do enfermeiro: buracos negros e pontos de luz. Onde formos estimulados pela professora Márcia Linhares a pensar sobre os pontos positivos e negativos na formação do enfermeiro.

Em 1890, com a criação da Escola Profissional de Enfermeiros do Hospital Nacional de Alienados, no Rio de Janeiro começa a apresentar buracos negros na sua formação, pois como requisitos para sua admissão precisava apenas saber ler e escrever corretamente e conhecer aritmética elementar, onde se paramos para pensar, o grau de estudo das pessoas daquela época, isso não seria um ponto tão negativo, porém o curso tinha duração mínima de dois anos, mas no Decreto de sua criação não fazia menção a duração e condições para a prática, algo primordial para um curso de enfermagem.

A enfermagem sempre se adéqua a fatos históricos e com a guerra em 1916 o foco dos estudos passa a ser a assistência aos feridos.

O ensino passa a ser em 1926 com a criação da Escola de Enfermeiras Ana Néri, ministrado por enfermeiras norte-americanas, seguindo o sistema nightingaliano norte-americano, que em 1931 se torna a escola padrão e com isso todas as escolas de enfermagem do Brasil precisam seguir esse modelo, onde não se preocupava com bases científicas.

O que me chama a atenção nessa formação é que como disciplina profissional, se enquadra artes domésticas, a relevância do sentimento de religiosidade e o enfermeiro precisava ter um caráter de obediência.

Já em 1949 com a Lei nº 775, o reconhecimento das escolas passou a ser feito pelo Ministério da Educação e Saúde e não mais por equiparação a Escola Ana Néri, passando a ter duração de trinta e seis anos e a ser exigido nível secundário completo para poder ser admitido, havendo ampliação do conteúdo teórico e obrigatoriedade de estágios, mas ainda sem determinação a quantidade de horas.

Em 1961 com a lei nº4024 de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), reviu a formação do enfermeiro, determinando um currículo mínimo para o curso de graduação em enfermagem, com a ajuda de vários órgãos de enfermagem, estabelecendo oito matérias obrigatórias: Fundamentos de Enfermagem; Enfermagem Médica; Enfermagem Cirúrgica; Enfermagem Psiquiátrica; Enfermagem Obstétrica e Ginecológica; Enfermagem Pediátrica; Ética e História da Enfermagem; Administração; corrigindo assim excessiva fragmentação dos currículos anteriores, porém houve uma diminuição da carga horária, o curso passou a ser ministrado em três anos e disciplina como Saúde Pública foi retirada do currículo e períodos de prática foram diminuídos pela metade.

O que me remete ao pensamente da história do ensino da enfermagem está ligado ao momento político e as necessidades da época, onde o currículo da enfermagem também passa a se adequar as necessidades do mercado de trabalho da época. Porém no meu ver houve um retrocesso, pois volta à imagem do profissional abnegado e mero ajudante do médico. Que gera até hoje um estigma, um rótulo ao profissional de enfermagem.

Com a regulamentação da Lei Federal nº 5.540/68 que acontece durante as séries de reformas implementadas entre 1964 e 1972, a enfermagem passa a participar de todos os níveis de formação profissional, desde o auxiliar até a pós-graduação.

Abrangendo o currículo e as disciplinas pré-profissionais comum aos cursos da área de Ciências da Saúde, estipulando uma carga horária mínima de 1/3 do curso para aulas práticas, disponibilizando ainda curso de licenciatura que seria eletiva.

Na década de 80 surge o Sistema único de Saúde (SUS) e com ele a necessidade de profissionais de enfermagem com formação generalista, atuando nos diferentes níveis de complexidade.

Em 86 com a Lei do Exercício Profissional da Enfermagem nº 7.498 fica então descrita as atividades do enfermeiro fazendo com que haja uma mudança curricular. A ABEn (Associação Brasileira de Enfermagem) se mobiliza e encaminha a Secretaria de Ensino Superior (SESU) do Conselho Federal de Educação (CEF) em 1991 uma proposta de currículo mínimo, no qual é dividido em cinco áreas temática: ciências biológicas; fundamentos da enfermagem; assistência de enfermagem; administração de enfermagem e educação em enfermagem. Que foi aprovado com algumas modificações.

Recentemente em 2001, através da resolução nº 3 que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem houve uma nova reformulação.

Surge então a pergunta, porque mesmo com todas as mudanças curriculares ainda nos deparamos com profissionais despreparados?

Entendo que, muitos estudantes vêem a enfermagem como rota de fuga por não conseguirem entrar no curso de medicina, ou por imposição dos pais, também pela insatisfação profissional, pois muitos não tem perspectiva de ascensão profissional, trabalham em ambientes insalubres, são desvalorizados, com carga horária excessiva e baixa remuneração.

Os pontos negativos ou “buracos negros” foram relatados no decorrer do meu entendimento acerca do texto, porém como ponto positivo, vejo as mudanças e adequações dos currículos atuais, na busca não só de um preparo para o mercado de trabalho, mas para uma formação integrativa e pensando na formação de um profissional que seja crítico-reflexivo.

GRADE CURRICULAR DO CURSO DE ENFERMAGEM DA UFPE 2011.2

1º PERÍODO

  • Processo de trabalho em Enfermagem
  • Psicologia aplicada a enfermagem
  • Sociologia aplicada a saúde
  • Tópicos de biologia celular e histologia
  • Vivências de educação na saúde do trabalhador
  • Ética do cuidado

2º PERÍODO

  • Anatomia para enfermagem I
  • Bioquímica de macromoléculas
  • Enfermagem em situação de urgência na comunidade
  • Física e biofísica
  • Fisiologia para enfermagem I
  • Metodologia da pesquisa I
  • Microbiologia e imunologia
  • Organização do sistema de saúde no Brasil
  • Vivências de educação em saúde

3ª PERÍODO

  • Anatomia para enfermagem II
  • Bioestatística
  • Enfermagem na saúde do adulto e do idoso na atenção básica I
  • Fisiologia para enfermagem II
  • Fundamentos da nutrição
  • Introdução a farmacologia
  • Introdução a enfermagem em saúde mental
  • Organização dos serviços de saúde na atenção básica
  • Parasitologia
  • Processos patológicos gerais

4º PERÍODO

  • Biologia do desenvolvimento humano
  • Bioquímica metabólica
  • Enfermagem em saúde mental na atenção básica
  • Enfermagem na saúde do adulto e do idoso na atenção básica II
  • Genética humana I
  • Nutrição clínica
  • Práticas de educação permanente em saúde

5º PERÍODO

  • Enfermagem nas situações clínicas e cirúrgicas do adulto e idoso
  • Farmacologia II
  • Organização dos sistemas de saúde na média e alta complexidade

6º PERÍODO

  • Assistência de enfermagem ao paciente crítico
  • Enfermagem e cuidados paliativos
  • Enfermagem nos transtornos mentais I
  • Informática aplicada a enfermagem
  • Metodologia da pesquisa II
  • Práticas integrativas e complementares
  • Psicologia do desenvolvimento

7º PERÍODO

  • Anatomia para enfermagem III
  • Enfermagem na saúde da mulher em situação gineco-obstétrica na média e alta complexidade
  • Enfermagem na saúde da mulher na atenção básica
  • Enfermagem nos transtornos mentais III
  • Fisiologia para enfermagem III

8º PERÍODO

  • Enfermagem na saúde da criança – adolescente e família na atenção básica
  • Enfermagem na saúde do recém-nascido ao adolescente em serviço de média e alta complexidade
  • Vivências de educação na saúde da mulher – criança e adolescente

9º PERÍODO

  • Estágio curricular de enfermagem na atenção básica
  • Trabalho de conclusão de curso I

10º PERÍODO

  • Estágio curricular de enfermagem nos serviços de média e alta complexidade
  • Trabalho de conclusão de curso II

Fomos uma turma privilegiada com um currículo novo, onde desde o 1º período vivenciamos a enfermagem, começando agora com a atenção básica para posteriormente chegar na alta complexidade.

REFERÊNCIAS

GABRIELLI, Joyce Maria Worschech. Formação do enfermeiro: buracos negros e pontos de luz. Ribeirão Preto – 2004. 182 f.; 30cm

SIGA. Universidade Federal de Pernambuco. Grade curricular do curso de enfermagem Disponível em: <https://www.siga.ufpe.br/>. Acesso em: 01 de out de 2011.