DATA: 21 de setembro de 2011.

11 ª AULA: INÍCIO DO ENSINO DA ENFERMAGEM NO BRASIL

A aula tem como proposta a análise do cenário político, social, econômico e de saúde no decorrer da história e como foi primordial para o ensino da enfermagem, moldando o profissional de saúde de acordo com as necessidades da época.

Foi-nos passado pela professora Márcia Linhares um documentário sobre a história da enfermagem no Brasil, produzido pela Organização Panamericana de Saúde.

DOCUMENTÁRIO

1900 – Século 20

É o século da medicina, da ciência e da tecnologia. Também foi marcado por grandes epidemias de Febre amarela, cólera, varíola e várias outras pestes no Rio de Janeiro e em São Paulo. A indústria também apresentava um grande crescimento.

Em um momento do documentário é questionado sobre o direito do acesso a saúde, onde para os ricos havia médicos em casa e para os pobres havia benzedeiras e casas de caridade. Com cuidados ligado a hospitais de caridade, que tinham como cuidadoras e administradoras as religiosas.

A imagem do Brasil no exterior era de um país impróprio para morar, porém visando a vinda da mão de obra para a expansão do café, as epidemias começam a ser combatidas. Sendo Criado Manguinhos para a produção de vacina.

Com o intuito de melhorar essa imagem os centros urbanos passam a ser limpos, expulsando os pobres e doentes desses centros.

A vacina contra varíola foi descoberta e passa a ser obrigatória, o que causou grande revolta na população.

1904 – Revolta da vacina

A campanha de vacinação contra varíola obrigatória é colocada em prática em novembro de 1904. Embora seu objetivo fosse positivo, ela foi aplicada de forma autoritária e violenta. Em alguns casos, os agentes sanitários invadiam as casas e vacinavam as pessoas à força, provocando revolta nas pessoas. Essa recusa em ser vacinado acontecia, pois grande parte das pessoas não conhecia o que era uma vacina e tinham medo de seus efeitos (MARIN, 2006). A população começa a se mobilizar contra a obrigatoriedade da vacina, onde a saúde passa a ser uma questão de polícia, sendo iniciada a revolta da vacina. Após muita briga e destruição o governo cede, passando assim a não ser mais obrigatória.

Greve das indústrias têxteis também foi algo bem marcante nesse período da história, e a descoberta das doenças causadas por microorganismos também.

1918 – Gripe espanhola

É uma ano marcado por grande quantidade de óbito de espanhóis devido ao aparecimento da gripe espanhola, que era considerada pela população um castigo de Deus. No Brasil, a epidemia chegou ao final de setembro de 1918: marinheiros que prestaram serviço militar em Dakar, na costa atlântica da África, desembarcaram doentes no porto de Recife. Em pouco mais de duas semanas, surgiram casos de gripe em outras cidades do Nordeste, em São Paulo e no Rio de Janeiro, que era então a capital do país (ROCHA).

1919 – Indústria

Os trabalhadores voltam para o trabalho nas indústrias.

1923 – Caixa de Aposentadoria e Pensão

O que marca esse ano é a criação da lei que regulamenta a Caixa de Aposentadoria e Pensão (CAP), onde visa à assistência médica ao trabalhador, ou seja, só quem tem acesso à saúde são os trabalhadores.

Chegam ao Brasil médicos com curso em saúde pública, onde o centro da ação passa a ser a família.

1924 – Bombardeio

São Paulo passa a ser bombardeado

1930 – Getúlio Vargas

Revoltosos chegam ao Rio de Janeiro.

Nessa época os produtores de café perdem poder.

Getúlio Vargas toma posse da presidência da república, com o pensamento de centralizar e uniformizar a estrutura de saúde.

São Paulo exige a construção prometida e se arma contra Getúlio.

Vargas planeja a constituinte e cria o Instituto de Aposentadoria e Pensão (IAPs), dando assistência médica, direito a aposentadoria e pensão. Porém o IAPs começa a arrecadar muito dinheiro com o regime capitalização. E quem não contribui durante 30 anos não tem direito a assistência.

Entendendo o documentário:

Com o documentário foi possível verificar que o acesso a saúde no início do ano de 1900 era centrado nas populações mais ricas e posteriormente ligada à procura da boa imagem do Brasil no exterior. A saúde passa por grandes descobertas como os microorganismos e a vacina. A população passa por grandes revoltas, contra a vacina, contra as indústria. Com isso há mudanças no acesso a saúde, onde só quem trabalha anos tinha direito a assistência, porém as IAPs foram criados não com intuito de privilegiar os trabalhadores, mas sim com o intuito de enriquecer os cofres públicos.

INICÍO DO ENSINO DA ENFERMAGEM NO BRASIL

O ensino da enfermagem está ligado aos fatos históricos.

Na virada do século o âmbito político e social é marcado por grandes imposições. Também presentes nessa época grandes epidemias, com sua presença determinada pela falta de infra-estrutura, troca de mão de obra, e a importação de imigrantes (com aumento da densidade demográfica), aonde já chegavam, por muitas vezes doente.

CENÁRIO DO BRASIL

-> Transição do império para a república: marcada por um grande caos, pois a proclamação da república foi marcada por grande mudança política.

Há formação do governo provisório e D. Pedro I é convidado a se retirar do Brasil e Marechal Deodoro da Fonseca ocupa o quartel general do Rio de Janeiro.

As políticas de saúde no Brasil na república velha (até 1930) é marcada por doenças transmissíveis, epidemias, então a saúde passa a ser uma questão social, pois passa a ameaçar o modelo agro- exportador, o estado como resposta organiza o serviço de saúde pública e campanhas sanitárias visando mudar o cenário de caos.

CAMPANHAS SANITÁRIAS – CONJUNTURA

A economia agro-exportadora ainda é a base da economia, sendo movida pelo capital comercial, porém começam a aparecer às indústrias e junto com ela aumenta a precariedade nas condições de trabalho.

Os operários passam a se reunir e buscar seus direitos, então o estado passa a reagir a esses movimentos com o embrião da legislação trabalhista.

O estado passa a combater as epidemias com a vacina.

Controle da Febre Amarela (FA) vacina contra varíola e ações sanitárias.

Atenção do estado, combatendo a insalubridade dos portos, atraindo e retendo a força de trabalho.

A partir do cenário descrito, em 1890 foi criada oficialmente a 1ª escola de enfermagem no Brasil, no Hospital Nacional dos Alienados. Marcando o início do processo de profissionalização.

Os enfermeiros eram formados para trabalharem no âmbito hospitalar.

* Surge então o questionamento de por que esses enfermeiros estarem em anexo aos Hospícios, e como resposta formada pela turma temos que, a mente das pessoas mais pobre estavam mexidas pela expulsão de suas casas e por se encontrarem em condições deploráveis nas ruas. Essas pessoas eram mal quistas, pois perambulavam pelas ruas e como essa imagem não era boa para os centros urbanos, essas pessoas eram recolhidas das ruas e colocadas em hospícios, porém muitos não eram louco, mas devido à situação exposta acabavam por enlouquecer.

®Analogia aos dias atuais: hoje com o aparecimento dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), todos os dispositivos de atenção à saúde mental, têm valor estratégico para a Reforma Psiquiátrica Brasileira. Com a criação desses centros, possibilita-se a organização de uma rede substitutiva ao Hospital Psiquiátrico no país. Os CAPS são serviços de saúde municipais, abertos, comunitários que oferecem atendimento diário. Que tem objetivo de oferecer atendimento à população, realizar o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários (SUS, 2011), onde o atendimento a pessoas com qualquer doença não é colocado junto com pacientes com doenças psiquiátrica graves, para não acabarem ficando loucos.

Então a primeira escola de enfermagem, que foi a escola Alfredo Pinto, destinada a homens e mulheres, no Rio de Janeiro (Futura UNI – RIO – Universidade do Rio de Janeiro), no ano de 1890. Surgindo pela necessidade de formar profissionais que pudessem prestar cuidado de qualidade aos doentes psiquiátricos, uma necessidade social da época.

1852 – As irmãs de caridade eram as cuidadoras dos hospitais. Elas não apenas prestavam os cuidados, como também administravam o hospital. Porém devido à contrariedade delas com a percepção dos cientistas, médicos e políticos da época, elas foram obrigadas a sair dos hospitais, pois foram denunciadas por elas por maus tratos aos pacientes. Usando isso como justificativa da expulsão, porém a verdade foi o choque de poder.

Ao mesmo tempo ocorre a separação da igreja e do estado.

Com isso a uma escassez do cuidado, então os médicos franceses trouxeram enfermeiras francesas para cuidar dos doentes, porém não eram suficientes, levando a necessidade da organização do primeiro curso de enfermagem, baseado na assistência de hospícios, com professores franceses (médicos e enfermeiras), com métodos trazidos da França.

CENÁRIO DA SAÚDE NO BRASIL – DÉCADA DE 20

 Surge os primeiros traços de uma política de saúde do estado, voltado para controle das epidemias, com intuito de criar mínimas condições sanitárias, visando atrair a imigração da mão de obra.

Na década de 20 há a criação do seguro social, que foi criado depois da reinvidicações dos trabalhadores.

ESCOLA DE ENFERMAGEM ANA NÉRI – UFRJ

Uma escola destinada apenas para mulheres. A primeira escola destinada à assistência psiquiátrica, mas a necessidade era a área sanitárias.

Essa escola foi à primeira escola moderna no Brasil, a partir do movimento sanitarista, que foi criado pelo decreto nº 16.30 de 31 de dezembro de 1923 com Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde, com formação de enfermeiras para atuar na saúde pública.

OBS: Antes da escola Ana Néri teve seu a do Hospital Samaritano, que não formou ninguém, por isso não foi considerada, usava o sistema Nightgaliano inglês.

A escola Ana Néri teve seu ensino baseado no modelo nightigaliano americano.

Eram também chamadas de visitadoras sanitaristas, pois faziam visitas domiciliares, nas ruas, com promoção a saúde.

A escola também formavam outras especialidades, com intuito de adaptação a área de assistência hospitalar.

Só em 1926 foi que passou a ser chamada de Escola de Enfermeiras Ana Néri. Foi incluída entre os estabelecimentos de ensino superior da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) pela lei nº 8.393 de 17 de dezembro de 1945. Sendo incluída ao centro de ciências da saúde da UFRJ, de acordo com o plano de reestruturação aprovado pelo decreto nº 60.455 – A de 13 de março de 1967.

A escola Ana Néri ficou conhecida como escola modelo e todas as escolas tiveram que seguir sua regulamentação, normas e currículos.

-> Em Pernambuco as alunas eram internas e o modelo seguido foi o da escola de enfermeiras Ana Néri.

A escola teve a iniciativa do Professor Carlos Chagas e foi chefiada por enfermeiras americanas. A seleção era rigorosa, com avaliação inclusive da vida da candidata, a 1ª turma tinha 14 alunas e os primeiros estágios eram realizados no Hospital São Francisco de Assis. O primeiro curso teve 28 meses e depois passou a ser de 32 meses. A primeira turma se formou em 1925.

Com o aumento da demanda de hospitais aumentou também a demanda das escolas. Devido à expansão da indústria de medicamentos e equipamentos.

O currículo de enfermagem passa a ser centrado em uma densa carga horária centrado para uma formação no âmbito hospitalar.

1955 – Regulamento da profissão de enfermagem, através de um código de ética. Hoje a lei não é mais a mesma de 1955 e sim a de 1986.

-> Relação da saúde na república velha e na era Vargas com os dias atuais: hoje em dia a uma integração da sociedade do Sistema de saúde, porém ainda há falta de informações dos usuários sobre os direitos, fazendo com que se submetam a problemas do século passado.

-> Perfil do enfermeiro de hoje: os enfermeiros de hoje visam à promoção à saúde e a prevenção, devido a grandes epidemias, também profissionais com técnicas mais humanistas. Enfermeiros mais atualizados e que domine a tecnologia em benefício à saúde da população. Preparado para trabalhar na recuperação e na reabilitação da saúde, com olhar crítico e acima de tudo que sejam “Enfermeiros generalistas”.

-> SUS (Sistema Único de Saúde) – foco na promoção e prevenção da saúde, com melhor condições de vida, visando diminuir a quantidade de gente doente.

-> Por que o trabalho na promoção da saúde é frustrante?

Porque os problemas e as necessidades da população são grandes e não pode ser resolvido pelo profissional, por isso que os profissionais migram para atenção curativa.

REFERÊNCIAS

MARIN, Marilu Favari. História do Brasil: Durante a Revolta da Vacina. Editora FTD, 2006.

ROCHA, Juliana. Pandemia de gripe de 1918. Invivo. Fiocruz. Disponível em: . Acesso em: 01 de out de 2011.

SUS. CAPS. Portal da Saúde. 2011. Disponível em: . Acesso em: 01 de out de 2011.